IMITAÇÃO DE MARIA: Maria conduzindo a alma pela via Dolorosa



Irmã Amália: Estava um dia ajoelhada aos pés do divino Mestre, encerrado no Sacrário tendo a alma em grande aflição, pedi à Mãe de Jesus, que compadecesse de mim. Então, vi Maria que se Aproximava de mim com ternura e indizível amor.

Segue-ME. Quero mostrar o quanto sofri enquanto vivi na Terra.

Levou-me ao Templo e disse-me:

Vê, filha, aqui neste templo, onde fui educada, comecei a sofrer, Desde tenra idade, Renunciei aos carinhos de pais tão Amorosos!
Vendo minhas companheiras que só me dedicava à oração e ao trabalho, o ciúme tomou conta daqueles corações! Começaram as acusações. Se as mestras ralhavam comigo, Lembrava-me de Pedir a Deus, que fizesse com que elas se tornassem cada dias mais mansas e humildes de coração. Tomando para mim o castigo merecido, louvada a Deus por me castigar, pedia que jamais voltasse a Ofendê-lo. Tudo recebia com humildade profunda, reconhecendo-ME culpada. Minhas acusadoras um dia perceberam o seu Erro e ajoelhadas aos meus Pés, Me pediram Perdão.
Aqui no templo eu Trabalhava e rezava, aprendendo com grande alegria o que as mestras me ensinavam, porque tudo queria aprender para agradar a Deus. Minha oração jamais foi interrompida pelo trabalho. Pois este era sempre ocasião de me unir cada vez mais a Ele. Quantas vezes, trabalhando entrei em êxtases profundos só por considerar que do nada tinha saído para Me tornar filha de Deus!
Prossigamos, Vê agora minha modéstia, sem jamais levantar os meus olhos a não ser para o Céu e para meu Trabalho. Meus modos suaves e Graves na oração eu os aprendi contemplando a Deus. Dizia a mim mesma, que para falar com Deus era necessário gravidade e Eu que não o Perdia de vista, tinha de permanecer austera.
É verdade que fui criada em estado de inocência e nela Me conservei. Eva, também, como eu, foi criada em estado de inocência e sem mácula, porque saiu das mãos do próprio criador, mas deu ouvidos à serpente e caiu tão gravemente.
Quem quiser entrar no reino do céu, mesmo que tem a ventura de conservar sua inocência, tem de sofrer. Jesus também teve graves tentações que teve de repelir, mais teve de lutar, porque era homem.
Agora filha, vês que desde a infância tive de sofrer, Para que Me teria dado Deus um corpo? Para lutar e vencer! Sem esforço, que merecimento teria Eu? Como poderia esmagar a cabeça da serpente, se tudo Me fosse fácil? Nas minhas grandes lutas sempre confiei em Deus e a humildade profunda foi a minha arma!
Prossigamos. Tinha chegado à idade em que as jovens daquele tempo costumavam-se casar. Pensar nisso afligia-me o espírito, porque Eu me tinha consagrado de corpo e alma a Deus, dando minha Virgindade a Ele sempre!
Quando tal me propuseram, não morri de dor, porque era vontade do Altíssimo que também nisso sofresse. Nesta aflição fui logo aliviada, porque o esposo que me ia ser dado era também virgem, e como eu, permaneceria em minha companhia mantendo a nossa tão querida virgindade!
Pensam que os homens, que, tendo eu sido pura, não tive lutas? Se nunca tivesse lutado, meu Filho não Me podia propor como modelo de pureza, de humildade, de generosidade, de paciência e de mansidão.
Se Eu não fosse tentada, não poderia servir de exemplo e de modelo. A tentação não mancha, ao contrario dá à alma um novo brilho quando a pessoa sabe se humilhar e confiar em Deus. Para ser vencida deve ser aceita com grande humildade. Recorrer à misericórdia de Deus, foi o que Eu fiz e por isso Ele deixou a tentação bater as minhas portas.
Prossigamos. Quando o sofrimento, quando o anjo anunciou a José, que tínhamos de partir para terras estranhas com o menino Deus! Pela noite, com o filhinho nos braços, partimos em busca da dor e do sacrifício pensando a toda hora, que iam tira-lo dos nossos braços!
Afinal chegamos cansados, mas, com uma grande confiança. Suportamos a dura provação e, com alegria, bendizíamos ao bom Deus, por nos fazer participantes daquelas angústias sofridas por seu Santo amor!
Filha, para que tanto sofrimento? Para mostrar aos homens o valor de suas almas, pois foi por causa do pecado que a dor se implantou no mundo, e é por meio da dor que o homem tem de se purificar.
Prossigamos. Subamos juntas o caminho doloroso do Calvário, onde meu Coração foi transpassado por agudíssimas espadas. Vê como ele é estreito e pedregoso, que é preciso grande generosidade e esquecimento completo de si mesmo, para chegar ao cume!
Filha, mostrando apenas as dores mais agudas, quero que conheças as angústias que sofri no encontro com meu amado Filho, com a grande cruz aos ombros. Foi tanta a minha dor, que é impossível a uma criatura poder compreendê-la. O amor Me deu forças para suportar tanta dor! Aceitei a decisão divina, pois conheci que esta era a vontade de meu Deus: os céus estavam fechados e era preciso que o inocente Cordeiro fosse imolado, para abrir a todos os homens as portas da felicidade eterna!
Filha amada, jamais coisa alguma neguei a meu Deus, porém, isto não quer dizer que foi sem sacrifício!
Ó almas que sofreis as tribulações das dores, meditai e vede se há dor semelhante á minha imensa dor! Mas não foi sofrida em vão, pois hoje ela vos pertence, sendo vossa riqueza e vossa consolação! Ao contemplardes o quanto Eu sofri, tereis forças para carregar vossa cruz. Com meu sofrimento tornei-Me Co-Redentora de vossas almas.
Prossigamos, subamos mais, vamos ao pé da Cruz, onde meu Coração materno recebeu a espada mais cruel! Ver meu Jesus pregado em uma cruz, amaldiçoado pelos homens como se fosse um criminoso!
Meu filho na agonia da morte... E Eu sem lhe poder dar ao menos uma gota de água, ali em pé sem poder apertá-lo contra o meu Coração, sem poder enxugar-lhe as lágrimas, nem poder dizer-lhe que O amava, enquanto os homens O desprezavam. Eu ali estava para lhe demonstrar que tinha uma Mãe a seu lado. Nada lhe pude fazer! Sou vossa Mãe, porque na Cruz, quando meu Filho, agonizava, proclamou-me vossa Mãe. Sim, angústias incríveis Me custastes! Sei o quando sois amados por Jesus, porque foi na hora mais tormentosa, que Me legou vossas almas, para que delas tomasse conta e sobre elas derramasse os frutos da sacratíssima Paixão!
Agora, filha, sabes o quanto tua Mãe sofreu!
Maria.

Outubro de 1930

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